segunda-feira, 17 de junho de 2019

Gilbués pode ter cratera formada por meteoro na época dos dinossauros


Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) encontrou evidências de que a cratera circular Santa Marta, formada pelo impacto de um meteorito e localizada no Estado do Piauí, pode ter sido gerada na mesma época em que ocorreu a extinção dos dinossauros. Segundo o cálculo de uma equipe de cientistas do Instituto de Geociências da Unicamp, a cratera teria se formado com o impacto de um meteorito no final do período Cretáceo, há 65 milhões de anos.



A equipe da Unicamp analisou a estrutura da cratera, localizada no município de Gilbués, para estudar sua origem e o processo de degradação de terras da região. As rochas mais novas atingidas pelo meteorito correspondem a sedimentos depositados na região no final do período Cretáceo. Isso significa que há uma possibilidade de que o meteorito que formou Santa Marta tenha ocorrido no mesmo período do impacto que criou a cratera de 180 km de diâmetro de Chicxulub, no México — um evento ao qual se atribui uma das principais extinções em massa na Terra, incluindo a dos dinossauros.



O professor Carlos Roberto de Souza Filho, coordenador do estudo, explica que, se comprovada a idade, a cratera de Piauí seria a única no hemisfério Sul formada pela colisão de um meteorito do mesmo período daquele que gerou a Chicxulub. “Isso é muito interessante na medida em que uma das teorias sob debate é de que o impacto no México pode ter sido acompanhado por vários outros impactos mais ou menos simultâneos em várias regiões da Terra. Muitas análises sofisticadas sobre as amostras coletadas nos trabalhos de campo serão necessárias para que tenhamos alguma confirmação dessas hipóteses”, afirma o pesquisador.



As rochas mais novas atingidas pelo meteorito correspondem a sedimentos depositados no final do Cretáceo na Bacia Sanfranciscana.



PesquisaDurante seis meses, Souza Filho e sua equipe realizaram trabalhos de campo para observar a estrutura circular de Santa Marta com o objetivo de demonstrar sua origem e estudar os processos de degradação de terras. Os pesquisadores concluíram que Santa Marta reúne elementos que comprovam sua origem por impacto de meteorito.



“Além do arranjo circular, existem feições geológicas que indicam se uma estrutura é formada por impacto ou não. Em Santa Marta, encontramos praticamente todas as feições macroscópicas (cones de estilhaçamento e brechas) e microscópicas (feições de deformação planar em quartzo) que são diagnósticas da passagem de ondas de choque e deformação de materiais relacionadas ao impacto de um meteorito na superfície.”



Segundo os cientistas, a desertificação da região pode ter sido causada pela colisão. As rochas no local estão fragilizadas por causa do impacto e isso pode ter potencializado a erosão, contribuindo para a degradação de terras.


Estruturas são formadas por colisões com corpos celestes


Crateras de impacto são estruturas formadas quando um planeta ou satélite é atingido por meteoritos, asteróides ou cometas. O pesquisador Álvaro Penteado Crósta, do Instituto de Geociências da Unicamp, em estudo sobre Crateras Meteoríticas no Brasil, conta que estudos planetários provam que não só a Lua, como também todos os corpos sólidos do nosso Sistema Solar, sofreram intenso bombardeio por corpos desses tipos durante sua história. “O testemunho disso são as cicatrizes deixadas na superfície desses planetas e satélites, caracterizadas por crateras de diversas dimensões, como é o caso da Lua, Marte, Mercúrio e outros”, diz, no estudo.  A Terra foi bombardeada por esses corpos principalmente nas fases iniciais de sua história. Crósta explicou que as crateras são apagadas pelos processos de erosão, sedimentação e pela atividade vulcânica e tectônica.



São mais de 170 crateras meteoríticas reconhecidas em toda a superfície terrestre. Elas são de diversos tamanhos e diferentes graus de preservação, mas a maioria se encontra em terrenos geologicamente estáveis e antigos, na América do Norte, Europa e Austrália. A primeira a ter sua origem associada ao impacto meteorítico foi a Cratera do Meteoro, ou Cratera Barringer, localizada no Arizona (EUA). Ela é associada a um fenômeno de impacto graças aos inúmeros fragmentos meteoríticos encontrados na região. Segundo o pesquisador, apenas as crateras menores e mais jovens têm possibilidade de conter fragmentos desse tipo. “Nas maiores e mais antigas nenhum fragmento sobrevive intacto. Estas últimas são geralmente crateras em avançado estado de erosão e são denominadas astroblemas, do grego para cicatrizes dos astros.” (PA/AAN)


Fonte:Correio Popular

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