O Brasil está produzindo menos mel. Apesar de haver números expressivos na produção e exportação, o desaparecimento das abelhas, fenômeno que ocorre em todo o mundo, e que assusta cientistas e apicultores, pode mudar a posição de destaque do Brasil no ranking dos produtores e exportadores de mel.
Neste ano, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil já exportou quase 21 mil toneladas de mel, faturando US$ 93,4 milhões de dólares. Os números podem indicar uma queda no volume exportado, ainda que com maior faturamento.
Em 2016, as exportações somaram pouco mais de 24 mil toneladas, com um faturamento de 92 milhões de dólares.
O pesquisador Bruno Souza, da Embrapa Meio-Norte, alerta que o sinal de advertência está ligado e que a situação é preocupante para toda a cadeia apícola.
“As próximas gerações vão sentir muito os efeitos da redução das abelhas, se não for feito alguma coisa para reverter essa situação”, alerta Thiago Gama, gerente-geral da empresa Wenzel’s Apicultura, instalada no município de Picos, a 307 quilômetros a Sudoeste de Teresina.
Gama lembra que a atividade apícola é essencial à vida, “pois com ela acontece a polinização das plantas”. Ele pensa como a maioria dos cientistas que procura encontrar as causas do problema denominado Desordem do Colapso das Colônias (DCC): o uso indiscriminado dos agrotóxicos nas lavouras, o desmatamento e as mudanças climáticas.
O DCC é caracterizado pela rápida diminuição de abelhas operárias em uma colônia, afetando diretamente a produção de mel, própolis, pólen apícola e geleia real. O administrador citou como exemplo, já comprovado em testes de laboratório, o herbicida Glifosato como um dos mais nocivos às abelhas.
Um trabalho de fôlego para buscar soluções para o problema, será desenvolvido de 16 a 18 deste mês, em Teresina, durante o Simpósio sobre Perda de Abelhas no Brasil. O evento, que é uma realização da Embrapa Meio-Norte, Sebrae e Ministério do Meio Ambiente e acontecerá no auditório do Bristol Grande Hotel Arrey, na zona leste da capital do Piauí, reunirá cientistas brasileiros, norte-americanos, franceses e australianos.
PRODUTO IMPORTANTE
O mel é o mais importante produto apícola da pauta de exportação brasileira, o que ajuda a fortalecer a atividade em todo o país.
Segundo o IBGE, o Brasil produziu em 2016 quase 40 mil toneladas de mel. Quatro Estados respondem por metade da produção nacional: Rio Grande do Sul (6.283 toneladas), Paraná (5.992), Minas Gerais (4.906) e São Paulo (3.642 toneladas).
O Piauí, que já chegou a ser um dos três primeiros produtores brasileiros de mel, ficou na sétima posição, com 3.048 toneladas.
(Com informações da Embrapa Meio Norte)
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