terça-feira, 5 de junho de 2018

Atlas da violência: quase duas mulheres são estupradas por dia no Piauí


Dados divulgados no Atlas da Violência 2018 nesta terça-feira (5), pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que a realidade da mulher piauiense ainda está longe de ser a ideal. Isso porque 653 casos de estupro de mulheres foram notificados à Polícia somente no ano de 2016, representando quase dois estupros por dia. Nesse mesmo ano, no Sistema Único de Saúde foram registrados 559 casos.
Apesar de ser um dado alarmante, a realidade está longe de ser expressa em números. Segundo o Atlas da Violência, a grande maioria das mulheres não reporta a qualquer autoridade o crime sofrido, seja por medo de represálias por parte do agressor ou pelo estigma que as vítimas ainda carregam desses crimes, por ainda estarem inseridas em uma sociedade patriarcal, gerando uma subnotificação desse tipo de crime. A estimativa real é de que 300 mil a 500 mil mulheres sejam vítimas de estupro a cada ano no Brasil.
O estupro, no entanto, não é o único crime no qual as mulheres estão vulneráveis no Piauí. Em relação as taxas de homicídios de mulheres, três mulheres a cada 100 mil habitantes foram mortas em 2016, representando uma variação de 50% em 10 anos. Para as mulheres negras, a realidade é ainda mais cruel. Ao todo, 3,4 mulheres negras a cada 100 mil habitantes foram mortas no estado naquele ano. Enquanto a mesma taxa para mulheres não negras ficou em 0,8 a cada 100 mil.
Piauí registra três vezes mais mortes entre negros
A evidência da desigualdade entre brancos e negros é perceptível através das notificações de homicídios no estado. Em 2016, o Piauí registrou três vezes mais homicídios entre pessoas negras do que entre pessoas não negras. Enquanto a taxa de homicídios entre pessoas não negras naquele ano foi de 7%, a taxa entre pessoas negras foi de 24%.
Enquanto a taxa de homicídios entre pessoas não negras naquele ano foi de 7%, a taxa entre pessoas negras foi de 24%. (Foto: Reprodução)
Sobre o número de mortes violentas, ao todo foram registrados 21,8 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2016. Em números absolutos foram 701 mortes violentas no estado, representando uma variação de 58,5% em uma década. Destes, 367 óbitos, ou seja, mais da metade, tiveram como vítimas jovens na faixa etária de 15 a 29 anos de idade. O número é alarmante pois demonstra uma variação de 73,7% em apenas cinco anos.
Outros dados
O número de homicídios por arma de fogo mais do que dobrou em uma década. Entre 2006 e 2016 foi registrado um aumento de 129,2% no número de casos notificados de mortes por arma de fogo. Ao todo, somente em 2016, foram 440 óbitos por violência armada.
Já o número de mortes por causas indeterminadas apresentou uma redução de 19,8% em cinco anos, com 537 mortes registradas durante esse período.

Fonte: Portal O Dia

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