O trabalho infantil é uma realidade tão cruel quanto real no país. No Piauí, o I Encontro Estadual de Adolescentes pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (EPAPETI) aconteceu ontem (6), na Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, e é mais uma ação que busca debater saídas para esta problemática. Segundo o procurador do trabalho Antônio Lima, titular da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente, o Piauí é o Estado que aponta maior índice de trabalho infantil no país.
O evento reuniu mobilizadores da causa e jovens que puderam passar o dia em oficinas discutindo aspectos relacionados ao trabalho infantil como, por exemplo, onde existe e o que fazer para mudar essa realidade, especialmente no âmbito das escolas. As alternativas traçadas ao final do evento se transformam em metas de ação para os adolescentes.
O procurador do trabalho Antônio Lima faz um destaque sobre esta realidade, onde mais de 80% do trabalho infantil está entre os adolescentes. “O Brasil ainda tem mais de dois milhões e meio de crianças em situação de trabalho e o Piauí aponta o maior índice do país. A gente precisa lutar pela erradicação do trabalho infantil, precisa lutar para assegurar os direitos da criança e do adolescente que é prioridade absoluta na Constituição e é prioridade absoluta na lei, mas ainda não é nas políticas públicas, no orçamento”, afirma.
O procurador destaca ainda as muitas deficiências no atendimento, por exemplo, dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculo no contra turno escolar. “Crianças e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade e não têm uma escola de tempo integral, muitas vezes, são crianças e adolescentes que são levadas a situação de trabalho por falta dessas políticas públicas”, destaca.
A identificação dos casos é, ao mesmo tempo, uma necessidade e uma dificuldade dos órgãos de combate ao trabalho infantil.
“Os adolescentes, empoderados sobre essa questão, vão nos ajudar nesse processo formulando e encaminhando denúncias para os órgãos competentes, cobrando dos órgãos competentes que adotem propostas e ações para resolver o problema. Seria o eixo da responsabilização, através de denúncias e fiscalização. (...) Sem identificar, a gente não consegue proteger”, reforça Antônio Lima.
O debate ocorre em todo o país e envolve as crianças, os adolescentes e os pais. Os comitês estão sendo criados para tornar efetiva a participação dos adolescentes nos espaços de deliberação de políticas públicas.
Existe um Comitê Nacional nos estados do Ceará, Maranhão, Pará, Amapá e São Paulo. Já existe a articulação para a criação do comitê no Piauí, que começa a ser implantado este ano, e em outros cinco estados.
Fonte: Portal O Dia
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