sexta-feira, 2 de março de 2018

Pesquisadora contesta desertificação na região Sul do Piauí

Maria Antunes Suertegaray, pesquisadora


A pesquisadora do Rio Grande do Sul, doutora em Geografia, Maria Antunes Suertegaray, contesta a desertificação no Piauí. Ela está em Teresina e irá acompanhar uma pesquisa em campo na região de Gilbués, no Sul do Estado. Ela é orientadora de um aluno do Piauí que estuda o processo de desertificação. Os estudos fazem uma comparação desse processo que ocorre no Piauí e em todo o país.
Maria Antunes, em entrevista ao Jornal do Piauí, nesta sexta-feira (02), explicou que a “desertificação é um conceito construído na época de 1987, mas que vem sofrendo transformações no campo técnico-cientifico e, atualmente, se considera que desertificação é um processo de erosão do solo, decorrentes da atividade humana restritos a determinados ambientes climáticos”.
Ela esclareceu que a região de Gilbués, embora o Ministério do Meio Ambiente a coloque no mapa de desertificação, do ponto de vista climático lá é tropical sub-úmido.  Então, "se entende que lá não é tão seco como se imagina”, conta a pesquisadora. Logo, “não seria seco ao ponto de se englobar nesse conceito de desertificação”. Por isso, a contestação já que a precipitação média anual é de 1.200 mm.
“Essa área passa sim por um processo de erosão significativa do solo; e essa erosão se expressa na natureza de grandes ‘sugus’ , por onde flui a água, o que localmente é conhecido como ‘grotas’. Agora, o que se observa, é que esse ‘sugus’ é devido a água, são fluxos hídricos. É claro que como a região tem um fluxo de chuva (dezembro, janeiro e fevereiro) será nesse período que ocorrerá maior intensidade do processo de desertificação. E esse material é levado, a partir desses fluxos, o canal das grotas se aumenta e a tendência é o assoreamento dos rios temporários da região”.  
“A gente levanta algumas hipóteses se seria ou não desertificação como ele é difundido no estado do Piauí e no Brasil. Estamos trabalhando conjuntamente em Porto Alegre um grupo que discute a desertificação. A gente faz um comparativo com o que ocorre lá e que ocorre aqui”, comentou a especialista.
Alguns pesquisadores estudam que  o processo de desertificação em Gilbués seria decorrente da mineração do diamante.  Outro ponto discutido pela pesquisadora é o processo de reversão da desertificação.  “Quando o problema é decorrente da própria dinâmica da natureza e pode ser intensificada pela atividade humana, isso se torna mais complexo”.

Fonte: CidadeVerde

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