Maria Antunes Suertegaray, pesquisadora |
A pesquisadora do Rio Grande do Sul, doutora em Geografia, Maria
Antunes Suertegaray, contesta a desertificação no Piauí. Ela está em
Teresina e irá acompanhar uma pesquisa em campo na região de Gilbués, no
Sul do Estado. Ela é orientadora de um aluno do Piauí que estuda o
processo de desertificação. Os estudos fazem uma comparação desse
processo que ocorre no Piauí e em todo o país.
Maria Antunes, em entrevista ao Jornal do Piauí, nesta sexta-feira
(02), explicou que a “desertificação é um conceito construído na época
de 1987, mas que vem sofrendo transformações no campo técnico-cientifico
e, atualmente, se considera que desertificação é um processo de erosão
do solo, decorrentes da atividade humana restritos a determinados
ambientes climáticos”.
Ela esclareceu que a região de Gilbués, embora o Ministério do Meio
Ambiente a coloque no mapa de desertificação, do ponto de vista
climático lá é tropical sub-úmido. Então, "se entende que lá não é tão
seco como se imagina”, conta a pesquisadora. Logo, “não seria seco ao
ponto de se englobar nesse conceito de desertificação”. Por isso, a
contestação já que a precipitação média anual é de 1.200 mm.
“Essa área passa sim por um processo de erosão significativa do solo;
e essa erosão se expressa na natureza de grandes ‘sugus’ , por onde
flui a água, o que localmente é conhecido como ‘grotas’. Agora, o que se
observa, é que esse ‘sugus’ é devido a água, são fluxos hídricos. É
claro que como a região tem um fluxo de chuva (dezembro, janeiro e
fevereiro) será nesse período que ocorrerá maior intensidade do processo
de desertificação. E esse material é levado, a partir desses fluxos, o
canal das grotas se aumenta e a tendência é o assoreamento dos rios
temporários da região”.
“A gente levanta algumas hipóteses se seria ou não desertificação
como ele é difundido no estado do Piauí e no Brasil. Estamos trabalhando
conjuntamente em Porto Alegre um grupo que discute a desertificação. A
gente faz um comparativo com o que ocorre lá e que ocorre aqui”,
comentou a especialista.
Alguns pesquisadores estudam que o processo de desertificação em
Gilbués seria decorrente da mineração do diamante. Outro ponto
discutido pela pesquisadora é o processo de reversão da desertificação.
“Quando o problema é decorrente da própria dinâmica da natureza e pode
ser intensificada pela atividade humana, isso se torna mais complexo”.
Fonte: CidadeVerde
Nenhum comentário:
Postar um comentário